É preciso retirar o útero para tratar prolapso uterino?

É preciso retirar o útero para tratar prolapso uterino?

Mais de 70.000 histerectomias são realizadas anualmente nos EUA por Prolapsos de órgãos pélvicos. Com o envelhecimento da população, acompanhado do aumento da qualidade de vida e das condições de saúde das pacientes na terceira idade, a tendência é que esse número aumente.

Apesar da histerectomia (cirurgia de retirada do útero) com suspensão da cúpula vaginal ser o tratamento de escolha do prolapso uterino para a maioria dos uroginecologistas que tratam prolapsos genitais, estudos epidemiológicos americanos demonstram que até 36% das mulheres preferiria preservar o útero, havendo a garantia de não comprometer os resultados do tratamento.

Vários são os fatores que estimulam esse desejo de preservação uterina, como: desejo de manter a fertilidade, crença de que o útero tem um papel na sexualidade, bem como o senso de feminilidade que o órgão carrega. Além disso, os riscos relacionados à histerectomia também devem ser levados em consideração.

Para as mulheres com prolapso uterino que desejam preservar o órgão, a cirurgia de correção de prolapso pode ser feita sem prejuízo do sucesso do tratamento. Na verdade, retirar o utero não é o tratamento do prolapso, afinal, o útero não e o “vilão”, mas a “vítima” no prolapso genital.

Na via vaginal a retirada do útero é necessária basicamente por permitir acesso mais fácil às estruturas de sustentação da cúpula da vagina, diminuindo a chance de recidiva do prolapso. Entretanto, a histerectomia isolada, sem a suspensão da cúpula vaginal, não promove suporte vaginal adequado, tendo uma chance de recidiva de prolapso que varia entre 11-24%. Isso leva a necessidade de cirurgia subsequente para correção de prolapso genital recidivado.

 A correção do prolapso apical (útero e cúpula vaginal) por via abdominal é a técnica que permite melhor taxa de cura, com menor chance de recidiva e melhores resultados funcionais. Na via abdominal damos preferências às técnicas minimamente invasivas (videolaparoscopia ou robótica). Nessa abordagem o prolapso uterino pode ser corrigido com sucesso, sem necessidade de retirada do útero.

É importante ressaltar que a histerectomia traz aumento do tempo cirúrgico, do sangramento e da possibilidade de complicações (inerentes a todo procedimento cirúrgico). Inclusive, alguns estudos sugerem que a própria histerectomia resulta em um risco maior de prolapso genital e incontinência urinária. A histerectomia pode causar lesão neurológica e alteração das estruturas de suporte do assoalho pélvico, consistindo ela mesma um fator de risco para Incontinência urinária e prolapsos.

Por isso, optamos por retirar o útero apenas em caso de real indicação de histerectomia. 

 

 

 

× Agendar consulta